Grupos de Trabalho
Fungicidas SDHI
INTRODUÇÃO E INFORMAÇÕES GERAIS
O Grupo de Trabalho SDHI do FRAC (Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas) é responsável pelas recomendações comuns de manejo de resistência para fungicidas SDHI (benodanil, benzovindiflupir, bixafen, boscalida, carboxina, fenfuram, fluindapir, fluopiram, flutolanil, fluxapiroxade, furametpir, inpirfluxam, isofetamid, isopirazam, mepronil, oxicarboxina, penflufeno, pentiopirad, pidiflumetofem, sedaxane, tifluzamida).
Vá diretamente às FRAC-Recommendations for Resistance Management for SDHI Fungicides.
Os fungicidas mencionados acima apresentam, no geral, resistência cruzada e foram agrupados sob o Código FRAC N° 7 na Lista de Códigos FRAC.
Histórico de Fungicidas SDHI
Os fungicidas SDHI foram descobertos há mais de 40 anos. Devido ao espectro limitado de doença e aplicação da “primeira geração” de carboxamidas, a resistência sob condições comerciais permaneceu limitada a poucas culturas/patossistemas (primariamente Basidiomicetos), ou seja, Puccinia horiana, ferrugem do crisântemo e Ustilago nuda, carvão em cevada.
Além destas moléculas da “primeira geração”, SDHIs com espectro e potência elevados foram lançados a partir de 2003 e outros continuam a ser lançados hoje em dia. Esta geração moderna de SDHIs está rapidamente alcançando participação no mercado em diversas culturas e novos SDHIs estão atualmente em desenvolvimento.
Enzima alvo de inibidores SDH
A enzima alvo de inibidores SDH é a succinato desidrogenase (SDH, também conhecida como complexo II na cadeia de respiração mitocondrial), a qual é parte funcional do ciclo tricarboxílico e está vinculada à cadeia de transporte mitocondrial de elétrons (Keon et al., 1991). SDH consiste em quatro subunidades (A, B, C e D) e o sítio de ligação dos SDHIs (sítio de ligação da ubiquinona) é formado pelas subunidades B, C e D. Mutações do local alvo conferindo sensibilidade reduzida podem se desenvolver em todas as três subunidades.
Mutações conferindo resistência
Mutações conferindo sensibilidade reduzida foram (e continuam sendo) identificadas em uma série de patógenos ambos no monitoramento no campo e em estudos de mutagênese laboratorial. Populações de campo mais intensamente estudadas até o momento incluem Botrytis cinerea isolada de uma série de culturas (Yin et al. 2011, Veloukas et al. 2011), doenças de cucurbitáceas (McGrath 2008, Miazzi & McGrath 2008, Stevenson et al. 2008, Miyamoto et al. 2009, Ishi et al. 2011, Avenot et al. 2012), ou espécies de Alternaria em diferentes culturas (Avenot et al. 2008 and Avenot et al. 2009, Gudmestad et al. 2013).
A introdução de novos SDHIs no mercado e novos estudos científicos provavelmente mudarão nosso atual entendimento de resistência nestas populações de campo. O trabalho com isolados tanto no campo como em estudos laboratoriais sugere que padrões de resistência cruzada entre SDHIs para mutações diferentes no sítio alvo são complexos. Diferentes mutações no sítio alvo conferem graus variados de insensibilidade entre diferentes SDHIs. Isto sugere que o efeito destas mutações no sítio alvo no desempenho em campo de SDHIs específicos pode variar se estas forem espalhadas em populações no campo. Os vários graus de sensibilidade reduzida a diferentes mutações no sítio alvo podem ser explicados por diferenças estruturais entre classes de SDHIs e como elas interagem com o sítio alvo de um patógeno específico (Scalliet et al. 2012). Ademais, a magnitude do efeito conferido por uma mutação específica no sítio alvo pode variar de espécie para espécie. Em outras palavras, a redução de sensibilidade conferida por mutações específicas no sítio alvo pode variar entre espécies de patógenos, de acordo com o SDHI usado e localização geográfica dos isolados (Sierotzki and Scalliet 2013).
Situação de Resistência (2014)
Em patógenos onde isolados com sensibilidade reduzida foram detectados sob condições de campo, a situação atual de resistência da população está mudando conforme o padrão/gravidade da doença e uso do produto através de múltiplas mudanças no modo de ação de ano para ano. O monitoramento nível regional em culturas/patossistemas específicos é crucial para entender a situação de resistência a qualquer momento determinado. Conforme mencionado acima, é igualmente importante entender como diferentes membros do grupo SDHI responderão a mutações específicas no sítio alvo dentro daquela espécie e a frequência de tais mutações na população de campo quando decidir sobre o uso específico do produto.
Isolados com sensibilidade reduzida foram identificados em populações de campo de Alternaria alternata em culturas de nozes nos EUA (Avenot et al., 2008 e 2009), A. solani em batata nos EUA (Gudemstad et al., 2013), Botrytis cinerea em maçã (Yin et al., 2011), kiwi (Bardas et al., 2010), e morango (Veloukas et al. 2011 e 2013), Corynespora cassicola em cucurbitáceas no Japão (Miyamoto et al., 2009 e Ishii et al., 2011), Didymella bryoniae em cucurbitáceas nos EUA (Avenot et al., 2012) e Podosphaeria xanthii nos EUA (Miazzi e McGrath 2008) e Japão (Miyamoto et al, 2010 e 2011). Eficácia reduzida de determinados SDHIs no campo foi relatada para todas estas espécies.
Ademais, isolados de campo com mutações no sítio alvo conferindo sensibilidade reduzida foram identificados durante monitoramento de rotina na Europa de B. cinerea em uva, Venturia ineaqualis em maçã, Pyrenophora teres em cevada, Mycospharella graminicola em trigo e Sclerotinia sclerotiorum em canola. Muitas das mutações identificadas tiveram fatores de resistência baixos a moderados para SDHIs disponíveis comercialmente e a frequência das mutações resistentes permanece baixa na população. Relatórios de desempenho em campo dos SDHIs permaneceram bons em 2014 (Minutes of the 2014 SDHI Meeting, Recommendations for 2015). Estes relatórios de monitoramento precoce de isolados com sensibilidade reduzida enfatizam a necessidade de seguir as orientações para manejo de resistência para prolongar a vida dos SDHIs.
Referências
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Tradução do material “SDHI Fungicides > Information” (link). Fonte: FRAC, website www.frac.info.